sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Escrevendo nos dia-a-dia

Mais uma ausência prolongada. Não é por falta de tempo embora tenha muito menos agora. É mesmo por não ter o que dizer aqui além do normal: stress com a tese e ansiedade ao rubro!
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Até aqui nada de novo. A novidade é que trabalho numa loja e estou a iniciar uma espécie de "estágio" na minha área. É muito bom mesmo.
Sempre ouvi dizer que as coisas não acontecem quando queremos, acontecem quando têm de acontecer. Mas às vezes custa tanto... O desânimo é imenso e a frustração costuma falar mais alto nessa altura.
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Não tenho adiantado muito a tese, infelizmente. Não tenho feito metade do que eu pretendia. Mas hei-de conseguir. Tento encarar o dia a dia como uma nova oportunidade que a vida me dá para a aproveitar. Ainda fico muito nervosa com certas experiências novas. Mas encaro de frente porque, aconteça o que acontecer, tenho de arriscar! Porque é precisamente disto que me vou orgulhar quando numerar as páginas da minha vida. Não serão os dias que fiquei sem fazer nada que me vão alegrar ou confortar. Pelo contrário, de cada vez que rejeito algo por receio é quase insuportável a desilusão comigo própria.
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Por isso, não desisto. Não me atiro de cabeça mas também não desisto. Vim até aqui e continuo a viver, por isso, ainda tenho muito que escrever num lado mais escuro ou noutro mais claro. Não importa. Seja onde for, o importante é ter as páginas do coração recheadas de palavras, de sorrisos, de sentimentos que nos deixam a sorrir. Páginas que não sirvam de exemplo de uma vida perfeita mas de uma vida que foi aproveitada. E efectivamente vivida.

sábado, 12 de setembro de 2009

"Não julguem, tentem compreender..."

As partidas que mais nos custam são aquelas que acontecem sem aviso prévio. Um estúpido acidente, um suicídio, uma doença que emerge do nada como um ataque cardíaco ou um AVC.

Partidas anunciadas permitem-nos preparar a dor. Ou pelo menos tentar porque a experiência diz-me que nunca chegamos a preparar-nos totalmente. E quando a bomba rebenta entendemos que a esperança falava sempre mais alto.
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Isto tudo para dizer que nós nunca escolhemos o caminho para a morte. Das três uma: ou os problemas de saúde surgem, ou os acidentes acontecem ou os obstáculos se tornam tão insuportáveis que só queremos algo que alivie, nem que amanhã venhamos a sofrer com isso.

Sei do que falo. Tantas vezes pensei consumir drogas (comprimidos anti-depressivos, calmantes bla bla bla... chamem-lhes o que quiserem ou drogas mesmo a sério, tipo daquelas que não nos deixassem pensar em nada), pensei beber até ficar em coma, pensei mil e uma coisas. Queria algo que acalmasse todo o sofrimento de tantos dias seguidos. De um desespero desmedido. De um "não aguento mais"...
A sorte?! A sorte foi ter pessoas que me seguraram as mãos, que me deram estalos e me obrigaram a levantar a cabeça e aprender o significado desta frase: "Venha o que vier, nada será maior do que a minha alma." (Fernando Pessoa)
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De fácil este caminho não tem nada. O calvário vem muito longe do início deste blog.
Agora eu questiono-me: "E se eu não tivesse amigos?", "Se tivesse problemas de saúde mais graves?", "Se tivesse morrido mais do que uma das pessoas que mais amo?", "Se eu tivesse seguido outro caminho que não o de pedir ajuda e do «eu sei que consigo»?!"
Aí teria escolhido o meu caminho para a morte, dizem vocês. Eu digo que teria escolhido o caminho para o alívio de tão grande dor, nem que fosse apenas momentâneo.
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Sabem o que dói mais quando assistimos à degradação daqueles que mais amamos? É ver que o que eles consideram salvação, quem está de fora entende como abismo. Não é fácil e custa muito.
Se calhar nunca disse que uma amiga se suicidou quando eu tinha 14 anos e que eu a detestei mais do que tudo, por uma atitude tão egoísta. Ela tinha 16 anos e aos nossos olhos transparecia uma vida perfeita. Lembro-me que ela me pediu para eu fazer 800 km para passar férias com ela. Fui. Nos últimos dias estive com ela. Nunca me apercebi de nada. As últimas duas horas passámo-las na praia a ver as ondas e a sorrir. (Deve ser por isso que não gosto muito de praia) Abraçou-me com tanta força que parecia que era o abraço de que mais necessitava (ou sou eu que agora interpreto assim).
Cheguei a casa e em 15 minutos tudo aconteceu.
"J. Tens de ser forte. A C. atirou-se do 13º andar..." Nunca mais esquecerei estas palavras. Eu fui de tão longe para vê-la morrer.
Na carta que me deixou, ela escreveu entre outras palavras: "És pequenina mas muito forte. E eu estarei sempre contigo. (...) Que nunca sintas tão grande desespero. «Não julgues, tenta compreender.»"
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Não compreendi e julguei-a de todas as maneiras possíveis e imaginárias. Acho que cheguei a odiá-la. Apetecia-me ir ao caixão e esganá-la e esbofeteá-la tanto... Depois caí em mim e percebi que queria apenas recuar no tempo e dizer-lhe que a amo e que a vida é linda. Que ela era magnífica, que eu estaria com ela no matter what, e pedia-lhe, por favor, que não me deixasse.

Era tudo inútil. Não sei o que acalmava mais: julgá-la ou julgar-me a mim própria por não ter estado mais presente, mais atenta, mais carinhosa. Eu adorava aquela miúda e sabem quantas vezes lhe disse isso? NENHUMAAAAAA!
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Hoje, compreendo-a. Acho que a vida me "castigou" porque nunca planeei um suicídio mas já senti vontade de morrer. De deixar de existir. Ou de viver em stand-by. Aí lembrei-me do que sofri com a atitude dela. E o que me ajudou quando estava sem rumo foi pensar que, podiam ser poucos os meus amigos mas não mereciam isso. E muito menos os meus pais que viram dois filhos morrerem.
Custou tanto. Juro-vos que sim. Por isso, eu não julgo. São pessoas que não encontram outra saída porque um suicídio ou a entrada no mundo da droga nunca é a primeira solução que procuram. O desespero é imenso. Quem os ama sofre com eles mas nunca mais do que eles. Por isso encaro a atitude deles (principalmente os suicídios) como um acto de desespero e não como um acto de cobardia. É um acto de quem considera que não tem mais nada para viver e não suporta todo o sofrimento que o tolda.
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Hoje sei bem o significado de "Não julguem, tenta compreender..."
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À C. que esteja onde estiver saiba que a vida me ensinou a compreender mas também me ensinou a lutar, porque os nossos problemas não tinham sequer comparação. A vida foi muito mais generosa comigo do que contigo, apesar de tudo.
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À L. que com uma simples expressão me despertou o turbilhão destas emoções das quais nunca falei. Por maior que seja a nossa revolta por tudo o que acontece a quem amamos, pelas injustiças e obstáculos que a vida lhes colocou, acredita que o desespero deles falou mais alto... Temos de os desculpar porque quando o fazemos fica mais fácil aceitar que partiram cedo de mais e injustamente. Quando tinham ainda tanto por viver... E isto dói muito. Muito.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

As palavrinhas que descobri agora...

... no hi5 de uma pessoa que conheci durante o estágio. Desconheço se foi ela que as escreveu ou se retirou de um qualquer livro. Amei.
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"Ao longo da nossa vida temos muitas portas que nela existem, cabe-nos a nós escolhe-las e descobri-las...cada uma a seu tempo...
Porta fechada porque tranquei e selei todas as portas a quem não merece o meu apreço, a quem não merece um sorriso nem um bom dia quando é falso, cínico, e fala daquilo que já não sabe, ou fala erradamente porque a memória é curta, porque nós só somos bons enquanto sorrimos, passamos a maus quando viramos costas...na vida é sempre assim, enquanto sou viva sou má, um dia quando morrer choram lágrimas e dizem o cliché... "era tão boa pessoa, gostava tanto dela", não conheço nenhum morto que tenha sido má pessoa, por curioso que pareça... subitamente todos nós vamos para o céu...
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Tanto faz, esses remoinhos não fazem tempestade no meu mar, descobri isso numa porta secreta que todos nós devíamos descobrir once in a while... existem portas em que nunca pensamos entrar, e quando o fazemos, descobrimos o essencial... NÓS... nesta porta secreta descobri a liberdade, o respirar fundo, a harmonia e tranquilidade, a paz de espírito, o amor próprio, o sorriso e o amigo...já há 3 anos que não sabia o que era isto... nada nos parece tão claro como quando entramos neste mundo, vejo melhor o amigo, o "eu" e tudo o que me rodeia... sabes o que queres e o que não queres e não sorris a ninguém que não te apeteça passamos a ser directos e quando nos magoam não nos escondemos no canto a chorar... estava farta de sorrir e ser politicamente correcta com aqueles que nas minhas costas falavam e agiam... quanto mais te esforças menos vontade tens.... tudo isso desapareceu como uma nuvem de fumo, tudo isso deixou de ser uma corrente de prisioneiro no meu pé... quando somos nós próprios tem muito mais sabor, quando voltamos a nós olhamos para trás e pensamos que sofremos por estupidez,não fomos feitos para agradar a ninguém nem somos robots para sermos criados a imagem de.... somos nós mesmos, e é isso o mais importante... quem gosta de nós estará sempre por perto, é nesses momentos que sabemos quem é quem...
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Porta entreaberta,escolho deixa-la assim porque nem tanto ao mar nem tanto á terra, existe alguém por ai que me ama, conheço uns quantos para além do meu pai e da minha mãe,lol, acredito que ainda haja quem pense como eu, não se pode generalizar...acredito que hajam pessoas que saibam apreciam o genuíno... e atenção que quando falo em genuíno refiro-me a,como diz uma certa musica "I am my own special criation"... ninguém é perfeito se assim fosse não seriamos humanos, o essencial para mim é saúde, vida, família e amigos... esta é a minha chave de ouro, e quem é especial para mim tem sempre um lugar no meu coração e tudo farei por eles...tudo dou, tudo sou, mas aquilo que mais quero ser... é feliz!"

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Haja Pensamento Positivo

Sei que devo muitas palavrinhas aqui neste lado escuro. Não posso dizer que tenho estado bem e que é precisamente por isso que não escrevo aqui. Isso não é verdade.
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A verdade é que não consigo ter pensamentos catastrofistas do género: "nunca nada na minha vida se resolverá de forma a proporcionar-me alguma felicidade" ou "nunca arranjarei um emprego no qual me sinta bem" ou "nunca vou conseguir amar nenhum rapaz só porque no passado me magoei muito"...
Penso sim na incerteza que é o futuro. Ainda não consegui arranjar melhor estratégia para ultrapassar o medo de não ter certezas. Estou claramente a falar de emprego. Mas como ainda não sei bem como controlar esta angústia, vou tentando pensar o menos possível e vivendo um dia de cada vez...
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Vou escrevendo a minha tese. Em dois meses escrevi um parágrafo mas agora sei que vou ter de esforçar-me a sério: deixar de lado o desânimo, a insegurança e tudo o que me distraia. Preciso de concentração e sobretudo motivação. Vou tentar um tudo por tudo e sabem que mais? Vou conseguir. Tenho de conseguir porque se desistisse jamais me perdoaria.
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Mudança de pensamento é coisa óbvia na minha pessoa, ultimamente. E a forma como a vida me retribui ou a forma como eu encaro as coisas que me acontecem também é muito mais positiva. Sinto que cultivo cada vez mais amigos e expresso o meu carinho por eles sempre que posso. Da parte deles sinto maior disponibilidade e tolerância quanto aos meus piores momentos.
Sabem por quê? Porque perceberam que eu estou a esforçar-me, que já se notam mudanças, que estou mais receptiva à felicidade e não estou a pensar nos problemas 24h por dia e principalmente quando estou com eles. Já não tenho o discurso de vítima, de "desgraçadinha" que embora fosse o que eu sentia, já ninguém conseguia aguentar por muito tempo.
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Na noite passada tive uma crise de choro. Daquelas de roubar ao nosso organismo todas as réstias de lágrimas que ele possuía. Falei de tudo, chorei, gritei e perguntei por quê.
Mas em cada lágrima, corria também pela minha face a certeza de que um dia a vida encarregar-se-ia de limpar aqueles dissabores, aquelas incertezas.
Sim, tenho destes momentos. E são eles que me relembram aquilo de que falamos nas consultas: a construção de novos pensamentos que refutem os que me deixam mal. Ou questionar se determinado pensamento tem razão de existir. Tenho concluído que muito deles não valem a pena. Servem apenas para sofrer sem razão nenhuma.
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Continuo a ter momentos em que a ansiedade me perturba imenso. Não me esqueço do que prometi no post anterior mas hoje não me apetece falar de coisas tão específicas que sinto. Esta continua a ser a pedra no meu sapato. Mas tenho fé. E tenho treinado estratégias para contornar o problema. Não é fácil mas mesmo aqui já não perco o controlo da situação (a esmagadora maioria das vezes).
Um dia também hei-de ficar melhor neste aspecto.