quarta-feira, 1 de julho de 2009

Madrugada no Hospital

O relógio devia marcar 5h da manhã. Acordei com um peso no estômago e um desconforto imenso. Sentia-me muito cansada mas esse mau estar impediu-me de fica na cama. Lembro-me que tentei levantar-me e que tinha tonturas. Estas intensificaram-se quando tentei dirigir-me ao lavatório. Esforço inútil.
Quando dei por mim estava caída no chão da casa-de-banho com a minha J. a ligar para o INEM. Eu não sei dizer o que me tinha, mas lembro-me de não sentir as pernas. Não tinha dores mas também não tinha forças. Tinha muitos vómitos. Fixei o olhar num ponto qualquer e só pedia água. Eu tinha tanta sede...
A minha J. ficou comigo até eu entrar na ambulância. Lembro-me que ela ficou ali a segurar a minha mão, a pôr-me água na cara, a tentar manter-me acordada. Foi ela que impediu que me magoasse mais a sério na minha queda na casa-de-banho (da qual não me lembro). Foi ela que me distraía dizendo que nessa noite eu teria de lhe fazer o jantar, limpar o quarto e bla bla bla. Prometi-lhe que se ficasse bem lhe fazia tudo isso. Foi o único momento em que as lágrimas me inundaram os olhos e percebi o quanto eu queria ficar bem.
Foi um sacrifício sobrenatural descer as escadas. Odeio sentir-me assim sem forças. E pela primeira vez na minha vida andei numa maca, com cintos a apertar-me e a sensação de que a minha vida dependia daquele transporte.
Nunca me lembrei que podia não sobreviver, tenho de ser sincera. Apesar de me sentir muito fraca, senti que não ia morrer. Mas várias vezes me lembrei daqueles que mais amo; não sei se pela força que me dão ou pela falta que me faziam naquele momento.
Sinto que aconteceu tudo muito rápido. Não tive tempo para "stressar" nem para pensar.
Mas desta vez, lembro-me que quis agarrar a vida porque há pessoas que não dependem de mim para viver, mas estão comigo quando a minha vida depende delas. Sinto que tenho muitos problemas para ultrapassar, muitos obstáculos que neste momento me paralisam. Muitas coisas que sei que vou remoer. Mas também tenho oportunidades que não vou deitar pela janela. Pessoas que não posso nem quero perder.
À minha J. , por todo o apoio, dedicação e amizade. Se te disser que te devo a vida, tu sabes que é verdade. E como eu te disse quando cheguei a casa, que o teu anjinho da guarda te acompanhe sempre tal como o meu o fez comigo neste episódio.

Sem comentários: