quarta-feira, 22 de abril de 2009

Egoísmo Puro

Hoje o dia foi muito melhor que os anteriores. Estive com pessoas que já não via há muito tempo. Fez-me muito bem. Recebi muitos elogios e observações muito boas. Fui questionada acerca de coisas que nunca reparei.
Quando 50 pessoas mantêm a mesma imagem de mim durante quatro anos, será muito difícil ser eu que estou errada quanto ao que valho e ao que sou.
Mas confesso que sair de casa ainda custa. Talvez por ter os pulmões ainda bastante afectados, mas principalmente porque os pensamentos não param.

À bocado falei com a Marta. Uma das pessoas de quem me fui afastando sem razão aparente. Mas ela faz-me muita falta. Continua a ser a minha priminha das borgas, das discussões do: “Ó Joana, não chores por causa disso!" Ela era a pessoa mais forte que eu conhecia e ela era um exemplo para mim. O tempo passou e as duas mudámos. Não tínhamos mais dezanove aninhos nem uma mão cheia de sonhos. Ela foi a primeira a mudar, a entrar na vida adulta e a crescer. Mudou e eu não consegui aguentar essa mudança.
Mas nas raras vezes que estou com ela vejo no fundo dos olhos dela a pessoa que era. A alegria de viver, a coragem de lutar e, às vezes, o carinho que nutrimos uma pela outra. Ela faz-me tanta falta…
Quanto ao Ricardo, também o comentário anterior da Ninfa Aquática me fez pensar até que ponto o meu sofrimento quanto à falta que sinto dele, não entrou na minha vida devido às minhas próprias decisões. É inquestionável que fui eu que o afastei, que ele sempre foi impecável comigo e que o meu medo de sofrer ou de me apaixonar por ele fez com que o afastasse de mim. O que eu nunca questionei é se essa minha decisão estúpida ia fazer diferença para ele. Sempre achei que não, que não tenho importância para ele. Mas a verdade, é que posso não ter, mas ele continua a torcer por mim. Ele fez questão de o provar (ou pelo menos, eu entendi assim). Até posso não saber nada dele há dias. Ele até pode já não se lembrar de mim.
Mas só hoje parei para pensar: será que a minha decisão lhe trouxe qualquer tipo de mágoa ou sofrimento? Quero acreditar que não. E ao mesmo tempo que sim. Prefiro que ele não sinta a minha falta porque, pelo menos assim não fica triste. E eu quero continuar a acreditar que ele continua a sorrir verdadeiramente. Que continua com as boas energias que ele tem. Que da mesma forma inesperada que entrei na vida dele também saí sem deixar qualquer marca.
Por outro lado, confesso que gostava de ter feito diferença nele. Porque ele fê-la em mim. E hoje, depois de uma grande ajuda que me deram ao obrigar-me a pensar no pior que me podia acontecer se me apaixonasse por ele, eu fui obrigada a reconhecer que o pior seria que ele deixasse de me falar. E isso é o que está a acontecer agora.
Mais uma vez, o medo de sofrer levou-me a afastar alguém de mim e, ironicamente, antecipou esse sofrimento. Na mesma intensidade que teria depois, no caso de eu me apaixonar e no caso de ele decidir deixar de me falar. A diferença é que agora é real mas o sofrimento futuro não era garantido.
Ricardo, desculpa se te magoei, foi sem intenção. Apenas agi pensando que não te fazia a mínima diferença a minha decisão.

Ainda me dizem que eu preciso pensar mais em mim do que nos outros. E isto que eu lhe fiz, não foi um acto de egoísmo puro ?

1 comentário:

Vânia Silva disse...

Sabes que passei ha bem pouco tempo por uma situação, que não sei bem como chamar-lhe. Não a ultrapassei ainda, nem sei se algum dia a ultrapassarei. Mas tento ser forte. Tento! às vezes não consigo. Mas não se pode dizer que não tenha havido uma melhora significativa. Isso houve.

Falas do medo de sofrer. Bem, o que eu te queria dizer com esta conversa é que busques forças em expressões como: "Quem sofre antes de ser necessário, sofre mais do que necessário" e "Evitar a felicidade com medo que ela acabe é o melhor meio para se ser infeliz". Penso nisto todos os dias e por incrivel que pareça, ajuda-me e muito a ultrapassar mais um dia.